segunda-feira, 26 de julho de 2010

Os "operários" das campanhas

Em ano eleitoral não são só os políticos que ficam esperançosos com a oportunidade de conquistar um cargo público. Várias pessoas aguardam com ansiedade o início das campanhas para conseguir um posto de trabalho, nem que seja por menos de três meses.
A essa mão de obra temporária, formada na maioria das vezes por jovens, cabe o trabalho ´braçal´ da campanha.

Diariamente, com sol ou chuva, os chamados ´cabos eleitorais´, em Jundiaí, entregam de casa em casa o material de divulgação dos candidatos, circulam com os carros de som pelas ruas, colocam e retiram placas, balançam as bandeiras e ainda abordam eleitores na tentativa de convencê-los de que o ´chefe´ merece ser eleito para vaga na Assembleia Legislativa ou na Câmara Federal.

A desempregada Miriã de Souza Cordeiro Nunes, 22 anos, faz parte desse grupo formado por centenas de pessoas. "Eu era auxiliar administrativa e fui demitida em fevereiro. Estava difícil arranjar um emprego e uma amiga me indicou para o candidato. Consegui a vaga e agora posso contar com uma renda até que razoável no final do mês. Para mim, está sendo uma boa oportunidade", conta.

A jovem distribui santinhos de um candidato e faz pesquisa na rua. A jornada de trabalho é de cerca de quatro horas por dia. A remuneração fica em torno de R$ 400 por mês. "Pode parecer, mas não é muito cansativo. Às vezes, encontramos pessoas mal-humoradas, mas com jogo de cintura dá para tocar o barco."

Por amizade - Enquanto alguns trabalham apenas pela questão financeira, outros unem necessidade e amizade ao político. A professora Daniela Kachan, 35 anos, filha do ex-vereador José Antônio Kachan (PSB), atua em campanhas desde os 16 anos. Neste ano, como estava com tempo livre, contou à reportagem que foi "auxiliar conhecidos da família".

"Devido à amizade, me chamaram. Eu faço um pouco de tudo. Acho que até a eleição vou gastar uns três pares de sapatos nessa andança", brinca. Ela preferiu não divulgar sua remuneração. "Estou unindo o útil ao agradável. Gosto desse clima de campanha, embora seja bastante desgastante. Nesses meses, tenho hora para entrar no trabalho, mas não para sair. Também é preciso deixar a família um pouco de lado. Eu não tenho expectativas futuras, mas sei de muita gente que começou assim e depois conseguiu bons empregos", acrescentou.

Já o administrador de empresas André Borges, 33 anos, resolveu "dar um tempo em sua empresa só para ajudar". Ele passa o dia coordenando carros de som e colocando e tirando placas de um postulante à Assembleia. "Começo às 6h30 e passo das 19h. Corro o dia inteiro, mas faço isso não como um quebra-galho. O que quero é ajudar. Vou receber uma ajuda de custo por mês de R$ 800, o que é bom", comentou. A maioria dos cabos eleitorais começou a trabalhar na última semana. Até o dia 2 de outubro, data que antecede o pleito, eles têm trabalho garantido.

ROBERTA DE SÁ

fonte: JJ, publicado em 25/07/10

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