30/3/2010
Operários assentam as pedras que irão formar muros nos dois lados do Córrego do Mato, na 9 de Julho
A paisagem é urbana - mas pode lembrar o sofrimento do rio São Francisco em seus piores momentos e trechos mais secos. O Córrego do Mato, ao longo da avenida 9 de Julho, tem sido motivo de discussões entre ambientalistas e técnicos da Prefeitura. As obras de reforma e canalização do Córrego parecem não ter fim. Mas a Fundação Municipal de Ação Social (Fumas) reitera que o cronograma da obra está sendo cumprido. A previsão para o final do sofrimento - de motoristas, pedestres e da fauna local, que passa por um processo de ´resgate´ - é o segundo semestre de 2010.
Um muro de pedras já começa a ser visto, no trecho inicial da 9 de Julho, na confluência com as avenidas Prefeito Luiz Latorre e União dos Ferroviários. Na outra margem, as pedras também já foram colocadas, estão fixas por uma estrutura que a Fumas informa ser de argamassa. Segundo os técnicos, esta providência vai evitar os problemas de erosão. Mas, nos trechos em que o muro apenas começa a tomar altura, os operários trabalham em meio ao barro, à brita, às pedras. É que o leito também passa por reformas.
Os trechos impermeáveis serão retirados e o solo receberá colchão reno - uma estrutura em formato de paralelepípedo, que os engenheiros utilizam para estabilizar o leito e ´travar´ as paredes laterais. Depois de instalado o colchão reno ainda será jogada areia por cima, deixando o leito com rochas e areia, promovendo a oxigenação das águas e oferecendo remansos para os peixes. "Peixes que, aliás, estão aonde mesmo?", não se cansam de perguntar os membros do Conselho Municipal em Defesa do Meio Ambiente (Comdema).
Fábio Storari, que preside o Comdema, diz que não vai mais discutir o assunto. "Já falamos sobre isso inúmeras vezes com o biólogo contratado pela Prefeitura. Só nos resta esperar que a técnica de ´resgate´ da fauna local dê certo", diz. O biólogo a que ele se refere é o professor Álvaro Fernando de Almeida. Contratado como consultor, o especialista optou pelo trabalho de ´peixamento´, ou seja: remover as espécies dos locais que sofreriam intervenção para outros pontos do Córrego do Mato. E, depois, trazer as espécies de volta.
Segundo a Fumas, esta técnica deve garantir e assegurar a preservação da vida no Córrego do Mato. Enquanto prosseguem as obras, os operários se multiplicam em meio às margens da avenida, mas lá embaixo, no que foi leito de rio, a vida parece que se extinguiu. Talvez seja, até mesmo, caso de lembrar o poeta João Cabral de Melo Neto: "será que todos aqueles severinos não teriam trabalho em outro lugar?"
Plano Diretor - Os membros do Comdema têm uma reunião extraordinária marcada para amanhã, às 16 horas, no 8º andar do Paço Municipal. A pauta não poderia ser mais polêmica - gira em torno do Plano Diretor de Jundiaí. Segundo o presidente do Comdema, Fábio Storari, há uma expectativa de que participem representantes da Associação dos Engenheiros de Jundiaí (AEJ) e da Associação das Empresas e Profissionais do Setor Imobiliário de Jundiaí e Região (Proempi).
CARLOS SANTIAGO
fonte: JJ
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