terça-feira, 16 de junho de 2009

MEC critica vereador de Jundiaí que atacou livro que não leu

Segunda-feira, 15 de junho de 2009 23:45
Ministério chama de censura a moção que Gastaldo exibe nesta terça sobre "Um contrato com Deus", obra aprovada por acadêmicos

Julianna Granjeia
Agência BOM DIA

O MEC (Ministério da Educação) chamou de “grotesca”, por meio de assessoria, a moção de repúdio do vereador Marcelo Gastaldo (PTB) que será analisada na sessão desta terça-feira da Câmara de JUndiaí.

Gastaldo diz que o livro “Um contrato com Deus e outras histórias de cortiço”, do criador do estilo graphic novel Will Eisner, “traz cenas de violência, sexo explícito, estupro e, até mesmo, insinuação de pedofilia”.

A obra faz parte do acervo do PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola), do MEC, e é indicada para alunos de ensino médio (acima de 15 anos). Das 39 escolas estaduais de Jundiaí, 21 vão receber o livro, segundo o MEC.

“Eu não tive acesso ao livro, vi algumas páginas que estão disponíveis na internet, mas acompanho no noticiário comentários de especialistas indignados com o conteúdo que fica disponível para crianças nas bibliotecas”, explica Gastaldo.

O vereador refere-se ao blog do colunista da revista “Veja”, Reinaldo Azevedo, que cita em um dos seus posts uma matéria do jornal “Agora” que critica a distribuição do livro.

A assessoria do Ministério afirma que a obra não está disponível para qualquer um. “Pressupõe-se que a retirada de um livro é intermediada pela bibliotecária e pelo professor. Todas as boas bibliotecas do mundo têm essa obra. Essa moção é mais que uma censura, é uma manifestação obscurantista de pessoas que não entendem do que estão falando.”

O MEC informou que não vai retirar “Um contrato com Deus” das bibliotecas.

Gastaldo confunde história

O vereador Marcelo Gastaldo usou um trecho do livro para justificar sua moção e diz que não a considera como um ato de censura.

“Censura é uma coisa, pornografia é outra. Tem um quadro que uma criança conversa com um senhor, como se ele fosse Deus, e ela pede cinco centavos para deixá-lo ver seu órgão genital.”

O quadro que o vereador se refere é, na verdade, a 3ª das quatro histórias do livro, e se chama “O zelador”.

O senhor que pede para a criança erguer o vestido é o responsável pela administração de um cortiço e não Deus.

No quadrinho “Um contrato com Deus”, a primeira história do livro, um homem – que, quando jovem, havia redigido em uma pedra um contrato com Deus – se desespera quando sua filha adotiva morre repentinamente, joga o contrato fora e vira um ambicioso negociante de imóveis.

Segundo o MEC, o livro é um clássico dos quadrinhos e antes de ser escolhido para o acervo passou por uma avaliação no Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Faculdade de Educação da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). A obra de Will Eisner recebeu nota 9 dos avaliadores.

fonte: BOMDIA

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