12/2/2009
Milton Martins da Silva, o Bugio: "Vereador que vota contra sofre represália"
Única voz contrária na Câmara de Jarinu ao projeto que altera a Lei Orgânica do Município e possibilita a contratação de parentes da prefeita Maria de Fátima de Moura Lorencini (PTB) no Executivo, o vereador Milton Martins da Silva, o Bugio (DEM), afirmou, ontem, que a Prefeitura daquela cidade estaria coagindo os parlamentares a não se oporem à mudança. "Muitos estão divididos, mas dizem que têm compromisso com a população e ficam com medo de não serem atendidos pelo Executivo", denunciou o democrata. A Prefeitura negou que tenha ameaçado os vereadores.
De acordo com Bugio, a Câmara não deveria permitir que a prefeita contrate o marido, Antônio Clarete Lorencini (ex-prefeito da cidade por duas vezes), e as filhas Elizângela e Eliane para cargos de chefia no Paço Municipal. "Se abrirmos essa brecha na Lei Orgânica, futuramente os outros prefeitos também terão essa possibilidade. Não deve haver nepotismo no Legislativo e nem no Executivo."
Sobre a substituição da nomenclatura 'diretoria' para 'secretaria' na Prefeitura (outra inovação prevista na emenda à Lei Orgânica), Bugio mostrou desconfiança. "Não sou contra as secretarias, mas é preciso saber se isso vai onerar os cofres. A Prefeitura não deu nenhuma garantia de que não haverá mais gastos por conta disso. Estamos em uma época de crise financeira e é preciso economizar", comentou. "Além disso, pode até ser que o marido e as filhas da prefeita tenham capacidade para assumir os cargos, mas sou contra porque entendo que também existe gente capacitada na população."
Ameaça - Por alterar a Lei Orgânica do Município, é preciso que a Câmara vote em dois turnos o projeto de emenda encaminhado pela Prefeitura. O primeiro aconteceu dia 3 deste mês e teve 7 votos favoráveis - apenas o democrata foi contra. Na sessão da próxima terça-feira (17), na Câmara de Jarinu, existe a expectativa de que haja o segundo turno. Bugio, por sua vez, afirmou que vai levar um grande número de pessoas ao Plenário para acompanhar a votação. "Tenho certeza de que isso pode mexer com a decisão dos demais. Como em toda cidade, o vereador que vota contra sofre represália. Já me mandaram recado, deixando claro que qualquer pedido que eu faça, como iluminação numa rua, por exemplo, será cortado", afirmou o democrata, referindo-se ao Executivo.
Prefeitura - O assessor de gabinete da prefeita de Jarinu, Harry Nicolau Kowalsky, disse ter estranhado a declaração. "Cada vereador tem seu posicionamento e não interferimos nisso. Temos de pensar no município", destacou.
EMERSON LEITE
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