13/12/2009
CRISTINA HAUTZ
A Defensoria Pública de Jundiaí está se mobilizando para enfrentar a falta de atendimento adequado para dependentes químicos e alcoólicos na cidade. O prefeito Miguel Haddad (PSDB) foi oficiado pelo órgão para explicar quais as medidas que serão tomadas para a construção de centros de atendimento, já previstos no PPA (Plano Plurianual). Na cidade, há fila de espera para atendimento ambulatorial e não há internação para dependentes químicos. O problema se agrava quando envolve menores de 15 anos. Eles estão desamparados, pois não há atendimento adequado a esta faixa etária disponível.Patrícia Malite Imperato é responsável pela Vara Criminal
A defensora pública, Patrícia Malite Imperato, responsável pela Vara Criminal, afirma que o problema atinge a sociedade de forma brutal. "O doente mental e o drogadito não tratados são aqueles que cometem os crimes mais hediondos, que chocam o tecido social. Investir no tratamento da droga e do álcool é garantir a paz social", afirma.
Dos 620 crimes atendidos pela Vara Criminal até outubro deste ano, envolvendo adolescentes, 186 tinham ligação direta com o tráfico. A maioria de família de classe econômica baixa. Segundo Patrícia, estudo realizado mostra que 40% dos usuários de drogas estão nas classes média e alta. "Porém, estes não são presos, pois estão protegidos pelos condomínios e não precisam furtar para comprar droga. O adolescente pobre é que está mais suscetível."
A lógica, segundo Patrícia, é que para manter a dependência o jovem pobre tem de prestar serviços ao tráfico para garantir sua droga. "Este menino fica em casa, enquanto a mãe trabalha fora. Na porta de sua casa, está o traficante. Ele começa a usar, torna-se dependente e é usado pelo tráfico para vender a droga. E ainda fatura R$ 1 mil por mês. Quando preso, descobre que não tem a quem recorrer."
Para fugir da triste realidade, a sugestão de Patrícia é que o atendimento escolar passe a ser em período integral. "Em um período, é preciso haver uma escola de qualidade. Em outro, atividades de lazer, que motivem o jovem e o tirem das ruas." A evasão escolar também deve ser acompanhada de perto por pais e autoridades, já que ela é um dos primeiros indícios do envolvimento com entorpecentes. "A criança com dependência química deixa a escola e se torna irritadiça. São os primeiros sinais."
Em Jundiaí, mais de 90% dos jovens que estão internados na Fundação Casa já usaram drogas. Na liberdade assistida e na semiliberdade (Projeto Esperança, na Vila Progresso), 87%. "É comum estes meninos passarem seu período de internação ou de medida socioeducativa esperando por tratamento para dependência. Eles cumprem a medida imposta pela Justiça sem o atendimento ambulatorial para tirá-los do vício. Quando voltam às ruas, retornam para o tráfico."
A defensora quer o cumprimento do que já foi previsto no PPA, que é a implantação de três centros de atendimento à dependência em Jundiaí. "Precisamos enfrentar a questão. Jundiaí gasta R$ 6 milhões na área assistencial e é ineficiente na saúde mental. Temos fila de mais de 1.500 pessoas para serem diagnosticadas na saúde mental e mais de 170 dependentes químicos querendo ser tratados, sem conseguir uma vaga. Se resolvermos este problema, iremos melhorar nossa estatística de violência."
ARIADNE GATTOLINI
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