terça-feira, 27 de julho de 2010

Sobre o planeta



(fonte: EFE)


Em abril último, em operação de extração de petróleo realizada pela empresa British Petroleum, uma falha técnica infantil ocorreu e desde então milhões de litros da substância preta passaram a inundar o Golfo do México disputando espaço com a água presente até então. Apenas recentemente o vazamento foi contido.

Três meses depois, em 16 de julho - 11 dias atrás, portanto- mais um acidente do gênero. Dessa vez em Dalian, na China. O saldo foi 1,5 mil toneladas do líquido escuro e viscoso sobrepondo-se ao mar no noroeste da China.

Qual o saldo disso? Os próprios cientistas são reservados a especular sobre o assunto. A consequência mais óbvia é a morte da vida animal e vegetal da área onde ocorreu o vazamento. Mas e no longo prazo? Mais de 1.000 km de litoral foram contaminados pelo petróleo. Já que para o ser humano passar a tomar uma atitude sobre determinado assunto é necessário que algo muito sério ocorra, será que agora a questão ambiental vai passar a ter sua devida relevância? Ao invés de se investir milhões em novas técnicas de uso do petróleo, por que não investir em pesquisa de novos materiais e técnicas de reutilização dos já existentes?

Por que até agora, ao meu ver, o meio ambiente vem sendo tratado como questão comercial e de popularidade. Empresas do ramo petrolífero, como a gigante Exxon, chegam a faturar 45.2 bilhões de dólares anualmente. Irrisórios 1% desse valor são gastos em desenvolvimento de energia renovável. Mas isso não aparece na propaganda da tevê. Aparece sim algum senhor engravatado e sorridente falando de como a empresa é ECO isso ou ECO aquilo. Não precisamos de nomenclaturas, e sim de atitudes.

Em breve, o "planeta água" virará planeta óleo. De predominantemente azul, passará a preto. Belos peixes, aves e corais darão lugar a quê? Que tipo de monstruosidade viveria em um mar de óleo? Hedonistas se lixam para o que pode acontecer com o mundo, e os argumentos são variados em sua tosquisse. Os mais velhos dizem que estarão mortos quando a catástrofe acontecer, outros simplesmente acham que não serão atingidos nas suas bolhas particulares.

A que ponto nossa ganância nos atingiu? Os céticos em relação ao efeito estufa podem não se dar por satisfeitos que o homem está acabando com o próprio ar que respira e tornando insuportável o ambiente em que moram, mas que argumentos usar em relação às nossas águas e florestas quando a destruição é tão evidente?

(fonte: Getty Images)

Será que continuarão acreditando que não serão atingidos?

O mais irônico da espécie humana é que ela mesma será responsável pela própria derrocada. E como toda ironia possui um viés sombrio, a desse caso é que milhões de vidas inocentes serão levadas juntas. E estas não são humanas.




(fonte: AP)

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