5/11/2009
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>Problema - Falta de divulgação e debate do projeto da prefeitura para o Córrego do Mato (Av. Nove de Julho).
>Problema - Falta de mata ciliar nas margens dos rios e córregos.
>Problema - Ciclovia SOBRE o córrego do mato (Av. 9 de julho) em Jundiaí-SP
VALTER TOZETTO JR
O Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema) percorreu nesta quinta-feira (05) as obras da avenida 9 de Julho e apontou falhas que podem comprometer a vida do Córrego do Mato. Segundo os conselheiros, o modelo de construção adotado vai "na contramão da sustentabilidade", prejudica a sobrevivência de micro-organismo e reduz a vazão das águas. O secretário de Planejamento e Meio Ambiente, Jaderson Spina, rebate e diz que a obra segue orientação de técnicos.Conselheiros do Comdema vistoriam obras na avenida e apontam riscos à preservação do Córrego do Mato
O alvo das críticas são duas aduelas, espécie de caixa de concreto que encobre trechos do leito, onde, de acordo com o projeto da Prefeitura, serão feitas uma área de convivência social com deck (próximo ao Shopping Paineiras) e a ligação entre as duas pistas da avenida (próximo à rua Nicolau Corderelli). "Este modelo impede a incidência do sol e, consequentemente, vai matar o córrego", diz o presidente do Comdema, Fábio Storari. Ele destaca também o risco de refluxo e inundações em caso de chuvas intensas, já que a ocorrência de temporais tem sido maior no decorrer dos anos e os cálculos para a vazão da água pluvial tendem a ficar desatualizados. "Por isso, o ideal é respeitar o leito e não encobri-lo."
Respeito - O conselheiro ambiental e engenheiro civil Marssao Ozakaki ressalta que as aduelas estão ultrapassadas e o mais indicado para encobrir trechos de rios é fazer obras no formato de trapézio, que garantem maior vazão, além de deixar as laterais sem concreto, o fundo com pedras e vegetação e sustentar a laje sobre o leito com fundações laterais. Ele cita o exemplo da avenida 14 de Dezembro, que adotou o modelo considerado ideal. "Custa mais caro, mas estamos falando de uma grande obra e, principalmente, do respeito ao leito do córrego, que, comprovadamente, mantém sua vitalidade hoje."
Restos de construção e até placas de concreto no leito mostram também a falta de manutenção e o descaso com o córrego. "Independentemente da obra, o córrego precisa de manutenção sempre. É um jardim aquático que precisa de atenção."
Os conselheiros apontaram ainda o despejo de água pluvial, visivelmente poluída, logo na entrada da aduela. "É só olhar e ver que, antes disso, a água está límpida e, a partir da aduela, já não há mais a mesma biodiversidade", diz Storari.
As críticas foram reforçadas pelo consultor e diretor técnico da empresa Biométrica Avaliações Biológicas e Manejo Ambiental, Álvaro Fernandes de Almeida. Ele é autor de laudo à Prefeitura indicando o modelo de obra para preservar o corpo hídrico e acompanhou ontem parte da visita do Comdema. "O próprio professor Álvaro reconhece que o modelo não segue a orientação que ele fez", diz o presidente do Comdema.
Sem prejuízo - O secretário de Planejamento e Meio Ambiente, Jaderson Spina, também acompanhou parte da visita e rebateu as críticas. "Achamos que não há prejuízo nenhum para a biodiversidade do córrego. O leito será encoberto por 15 metros para valorizar a obra. Falamos isso com base em assessoria ambiental, em laudos de biólogos, que a própria Fumas (responsável pela obra) contratou", disse o secretário. Sobre o despejo de água poluída, ele não vê necessidade de análise, discorda que haja despejo de esgoto, apesar da espuma visível, e diz que a "DAE mantém monitoramento da rede de esgoto".
ANDRÉA LAVAGNINI
fonte: JJ
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