sábado, 22 de novembro de 2008

Juiz cassa eleito Miguel Haddad e pede nova eleição em Jundiaí

Decisão teria por base abuso do poder econômico por parte do candidato vitorioso no primeiro turno

Roberta de Sá

O juiz eleitoral de Jundiaí, Marco Aurélio Sampaio, cassou ontem o registro de candidatura do prefeito eleito Miguel Haddad e do vice-prefeito Luiz Fernando Machado, ambos do PSDB, por abuso de poder econômico.

Sampaio também anulou os 98.734 votos recebidos por eles e determinou que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) marque uma nova eleição entre 20 e 40 dias, já que a coligação teve mais de 50% dos votos válidos. Como está previsto na lei é necessária a realização de um novo pleito. O segundo colocado, no caso Pedro Bigardi (PC do B), não pode tomar posse automaticamente.

O juiz também multou cada um em 25 mil Ufir, o que corresponde a R$ 26,6 mil. O PSDB vai recorrer.

As ações foram movidas pelos partidos PT e PC do B e o Ministério Público. Eles apontaram uma pesquisa tucana onde eleitores receberam R$ 50 e lanches para participar. A sentença será publicada na segunda-feira no “Diário Oficial”.

Sentença aponta abuso de poder
Durante a investigação, que resultou numa sentença de 47 páginas, o juiz ouviu três testemunhas que foram abordadas por pesquisadoras e participaram do evento no Hotel Mercure, no dia 17 de setembro.

Todos confirmaram, durante audiência que, no momento da abordagem, as pesquisadoras ofereciam R$ 50, induziam às respostas e, na triagem, selecionavam pessoas de classes D e E.

No depoimento de Miguel, que durou poucos segundos, ele disse que não tinha conhecimento da pesquisa.

O juiz não quis se manifestar sobre o caso. Na sentença, ele diz que o abuso de poder econômico ficou claro, assim como, ainda que dissimulada, a tentativa de compra de votos.

“A indicação de Miguel Haddad para o ‘coquetelzinho barato e os 50 paus’ pedindo presença, já aponta para o intuito claro da compra de votos. Sendo ele o contratante pessoal disso, fez diretamente o que era proibido (...). O corpo jurídico estava ali quando estava o recrutamento com prancheta e nome de Haddad na frente do hotel (...).”

Oposição celebra resultado
Os três candidatos da oposição – Gerson Sartori (PT), Pedro Bigardi (PC do B) e Vanderlei Victorino (PSOL) – disseram que já esperavam a decisão da Justiça Eleitoral.

“Tínhamos expectativa que acontecesse a cassação, porque o nível de irregularidades foi grande. Estou feliz”, diz Pedro Bigardi.

“Foi uma vitória da ética na política”, falou Vanderlei Victorino (PSOL).

O mais cauteloso na comemoração foi Sartori. Ele lembrou que ainda há recursos. “É a segunda vez que ele é cassado. Mas, vamos respeitar os trâmites.”

Os prefeitáveis afirmaram que estão preparados para uma nova eleição, e confiantes na vitória, desta vez. Para eles, é só a Justiça Eleitoral determinar, que as campanhas estarão nas ruas.

“Agora a gente vai chegar e chegar na frente. Isso é um abalo no PSDB”, acredita Bigardi, que teve 68.461 votos.

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