sexta-feira, 26 de março de 2010

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28/3/2010
RUI CARLOS Há regras para os visitantes e apenas algumas trilhas são  liberadas para acesso: tudo pela preservação

Há regras para os visitantes e apenas algumas trilhas são liberadas para acesso: tudo pela preservação

Em 1994, o Centro de Orientação Terra Integrada (Coati) em Jundiaí já alertava o poder público sobre a poluição provocada na Serra do Japi por oferendas feitas durante cultos religiosos. Dezesseis anos depois, a mesma reclamação é feita ao JJ Regional pelo diretor geral da entidade, Flávio Gramolleli Júnior. Em 2002, a entidade alertava sobre a realização de motocross na reserva. Oito anos se passaram e Gramolleli é categórico ao afirmar que pilotos e motocicletas continuam a andar por vários pontos da reserva ambiental. Isso para elencar apenas duas das diversas denúncias que o Coati já fez sobre abusos naquele local - que foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) e é considerado uma Área de Preservação Ambiental (APA).

"A serra não está protegida. Ela é de domínio particular, pois as pessoas que ali moram são donas da terra. Ou seja, você só entra se o dono autorizar ou se estiver abandonado", afirmou Gramolleli. "De quinta a domingo, são feitos cultos religiosos que deixam muita sujeira na serra, desde alimentos até cabeças de bode." Engenheiro químico e ambientalista, Gramolleli denuncia até a realização de churrascos na área de preservação. "As pessoas entram nas fazendas, pagam R$ 5 para particulares e tomam banho de cachoeira sem qualquer tipo de controle. Na serra, você pode entrar por qualquer lado, exceto onde é fechado (há uma cancela, com guarita e vigilância), pelo Eloy Chaves. O máximo que a Guarda Municipal pode fazer é conversar para minimizar a questão." Ainda segundo Gramolleli, há exploração de lenha naquele local, aluguel de cavalos para passeios em trilhas e almoços.


Pesquisa - Defensor da criação do Parque Estadual da Serra do Japi, o diretor do Coati reage quando perguntado sobre a avaliação ao projeto de lei do deputado estadual Pedro Bigardi (PCdoB). "Façam uma pesquisa na cidade e vejam se a população é contra. Lá continua havendo motocross, as pessoas continuam caçando, desmatando, construindo. Com o parque, o domínio da serra será de todos." A situação, ainda conforme Gramolleli, merece ações imediatas das autoridades e da população. "Toda discussão que envolve desenvolvimento e preservação é saudável. São vários os aspectos, mas temos que chegar num meio termo para que tudo exista. As pessoas também precisam parar de olhar para o próprio umbigo e pensar que a serra é de todo o mundo. Ou se preserva o que há lá ou ela vai virar um simples registro histórico."

De acordo com o diretor do Coati, a criação do parque estadual não inviabiliza os outros mecanismos de preservação, como o tombamento. E ainda serviria para movimentar o comércio local. "Os hotéis em Jundiaí só estão ocupados durante a semana. Eles poderiam montar grupos para visitar o centro comercial da cidade, o Circuito das Frutas e depois o parque. As fazendas, transformadas em RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural), podiam ser usadas também como restaurantes, servindo almoço aos visitantes."

A aproximação da pressão urbana sobre a Serra do Japi também preocupa a ONG dirigida por Gramolleli. "Existem projetos de condomínios naquele local, como o Ermida, que não foi consolidado. Além disso, a Câmara já mudou a setorização daquela área para permitir condomínios no entorno." Em relação às alegações de que o Estado não conseguiria cuidar da Serra do Japi, Gramolleli foi taxativo: "Nós somos o Estado e se ele não cuida, não olha por isso, então todos nós estamos errados. É hora de mudar."


Polêmica - Desde que o deputado estadual Pedro Bigardi anunciou a proposta de criação do parque, houve um bombardeio de informações a respeito do tema. Especialistas de diversos segmentos foram ouvidos e deram opiniões diferentes a respeito da transformação. Além de audiências, debates e palestras promovidas pelo Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), Câmara Municipal e Prefeitura de Jundiaí, a população também comenta o assunto pela internet. No site do Cidade Democrática (www.cidadedemocratica.com.br), criado para que a população possa se expressar, existem vários comentários sobre a serra e os problemas relacionados à preservação ambiental. Para fazer parte, é preciso se cadastrar.

fonte: JJ

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