terça-feira, 12 de maio de 2009

'Voto em lista só fortalece coronéis', dizem políticos

REFORMA POLÍTICA

12/5/2009

RUI CARLOS PEDRO BIGARDI 'Se eu puder influenciar contra, vou fazer', ressalta deputado

PEDRO BIGARDI 'Se eu puder influenciar contra, vou fazer', ressalta deputado

A opinião de políticos e de especialista em direito público ouvidos pelo JJ Regional quanto a itens que podem ser aprovados em reforma política nacional é unânime: o voto em lista fechada apenas favorece lideranças de caciques de partidos e prejudica a renovação dos políticos. Para o advogado João Jampaulo Júnior, a medida criaria os chamados 'currais eleitorais' internos. "Sempre um grupo há muito tempo no poder manipulará hierarquicamente os inferiores", opina.

Visão semelhante tem lideranças políticas de Jundiaí. Para o presidente da Câmara de Vereadores, José Galvão Braga Campos, o Tico (PSDB), a mudança é antidemocrática e centralizadora. "A maioria dos eleitores não vota nos partidos, vota na pessoa. Apenas ajudaria os grandes coronéis e acabaria com a renovação dentro das legendas", argumenta.

Já o deputado estadual Pedro Bigardi (PCdoB) vai contra até a tendência do seu partido em âmbito nacional. Segundo o político, a lista fechada "envelhece a política". "Nos partidos de direita, o domínio seria dos caciques. Nos de esquerda, viraria uma guerra de tendências e isso é muito ruim", ressaltou. "O partido já conversou sobre isso. Se eu puder influenciar contra, vou fazer."

Outra medida que pode ser aprovada em Brasília a partir das eleições do próximo ano é o financiamento público das campanhas eleitorais. Para Bigardi, a ideia ajudaria a organizar a questão dos recursos. "Hoje é uma confusão. Acho que limitaria o abuso do poder econômico sim."

Neste caso, Jampaulo Júnior e Tico têm opinião distinta do deputado do PCdoB. "Quem vai gerenciar os recursos são os mesmos líderes de partidos que podem manipular as listas", diz o vereador. "Acho uma excrescência. Resolveria o problema se houvesse regras mais claras sobre doações, assim como em outros países", complementa Jampaulo Júnior. O prefeito de Jundiaí, Miguel Haddad (PSDB), é favorável ao financiamento público de campanhas. "Concordo, também, que tanto este quanto os demais itens da reforma devam ser debatidos exaustivamente pela classe política junto à sociedade", destaca.


O que é? - Com apoio do governo federal e cinco partidos - além de parte expressiva do PSDB - a Câmara Federal se mobiliza para aprovar, até outubro, o financiamento público de campanha e o voto em lista fechada já para 2010. O texto propõe a criação de um fundo com recursos equivalentes a R$ 7 por eleitor para cobrir as despesas do primeiro turno, o que corresponderia a R$ 913.197.656 - tomando por base o eleitorado de dezembro de 2008. Para o segundo turno seriam reservados R$ 2 por eleitor - ou R$ 260,9 milhões. Pela proposta, o eleitor passa a votar numa sigla. Não mais no candidato.

Os congressistas assumem a vaga segundo a votação obtida e a hierarquia previamente elaborada pelo partido ou pela coligação. Na semana passada, o ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que o financiamento público de campanha e o voto em lista devem ser votados no Congresso ainda neste ano.


THIAGO GODINHO

fonte: JJ

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